"un pedacito del planeta que no pudieron no!"

Um cantinho do Brasil, orgulhosamente no Pampa Gaúcho, que quer fazer a diferença,
enxergando e discutindo problemas globais e discutindo e realizando soluções locais .

domingo, 31 de julho de 2011

Você é Agro - Tóxico ou Agro - Ecológico?

y ahora Yanky? se escapará a Cuba?


Um país infestado por agrotóxicos

Le Monde Diplomatique Brasil
O Brasil é hoje o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, como consequência de uma política que vem sendo construída desde meados da década de 1970 e que se intensifica pelo modelo agrícola monocultor extensivo e concentrador de terras
por Lia Giraldo

A utilização de agrotóxicos no Brasil tem trazido graves problemas para a saúde do trabalhador rural, para aqueles que consomem produtos contaminados, para os que trabalham nas fábricas produtoras e para o meio ambiente.
Para os camponeses, os problemas relacionados a situações de risco de exposição, adoecimento e acidentes com agrotóxicos são decorrentes principalmente da toxicidade desses produtos, da precariedade dos mecanismos de fiscalização e vigilância da saúde, da inadequada informação para aqueles que com eles entram em contato no trabalho ou no ambiente, da falta de medidas de proteção coletiva e/ou de equipamentos adequados de proteção individual, das irregularidades trabalhistas, das desigualdades sociais e injustiças ambientais, além da pouca instrução dos trabalhadores que os manipulam.

Triste recorde
O Brasil é hoje o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, como consequência de uma política que vem sendo construída desde meados da década de 1970 – quando o Plano Nacional de Defensivos Agrícolas foi lançado, condicionando o crédito rural à compra obrigatória de agrotóxicos pelos agricultores – e vem se intensificando pelo modelo agrícola monocultor extensivo e concentrador de terras.
O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), criado pela Anvisa em 2001, revela, ano após ano, que muitos agrotóxicos excedem os limites máximos de resíduos (LMR) autorizados pela legislação. A iniciativa também detecta a presença de agrotóxicos proibidos para diversas culturas analisadas e que são produtos de mesa do consumidor, mostrando assim o franco desrespeito à legislação e as sérias implicações para a saúde pública.
Os efeitos adversos da exposição aos agrotóxicos em populações humanas e em outras espécies animais são estudados conforme os diversos grupos químicos. Os organofosforados são os agrotóxicos mais utilizados em variedades de culturas, e entre seus diversos efeitos tóxicos estão a neurotoxicidade, a imunotoxicidade, a carcinogenicidade, a desregulação endócrina e alterações no desenvolvimento do indivíduo.
Crianças, idosos e mulheres em idade fértil constituem grupos populacionais de especial risco, além dos trabalhadores rurais que de modo geral ficam submetidos continuamente à exposição aos agrotóxicos.
Em regiões menos desenvolvidas, como América Latina, África e Ásia, onde há sérios problemas sociais e de políticas públicas, o uso de agrotóxicos na agricultura é induzido e desregrado.
São diversos os estudos que mostram uma correlação direta entre as curvas de crescimento de venda e consumo de agrotóxicos com as de registros de intoxicações em seres humanos. Uma vulnerabilidade bem identificada é a grande subnotificação de casos de intoxicação por agrotóxicos no Brasil. Os profissionais de saúde não são capacitados em sua graduação nem nos serviços de saúde para promover, proteger e cuidar de pessoas sujeitas a intoxicações por agrotóxicos.
A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) estima que para cada caso registrado de intoxicação por agrotóxico ocorrem cerca de cinquenta outros sem notificação ou com notificação errada. Esse dado permite inferir a gravidade desse problema. Obviamente, se não há notificação, provavelmente não há diagnóstico, fazendo supor que as pessoas adoecem envenenadas sem saber os fatores causadores e, muitas vezes, são submetidas a tratamentos equivocados que custam sacrifícios e sofrimentos.
O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas é uma das fontes de informação de casos de intoxicação por agentes químicos. Embora apenas tangencie o problema, ele revela que os principais agentes químicos responsáveis por intoxicações atendidas nas emergências dos serviços de saúde estão relacionados à exposição aos agrotóxicos.
Tal exposição e a intoxicação ocupacional por eles têm o maior percentual do total de casos, evidenciando que os trabalhadores rurais são os mais afetados pelos agrotóxicos, situação agravada pelos contextos de produção e de vida e pelas precárias relações de trabalho.
Em estudos epidemiológicos de intoxicação por agrotóxicos no Brasil foram destacados diversos problemas na aplicação dessas substâncias. A tabela 1 mostra alguns desses estudos e os condicionantes que agravam a situação de risco dos agrotóxicos.
Todas essas situações revelam a complexidade da utilização dos agrotóxicos na atividade agrícola e estão diretamente associadas à toxicidade desses compostos.
 
Intoxicação generalizada
Um estudo por nós realizado em seis propriedades produtoras de tomate em Camocim de São Félix (PE 1997) revelou que 13,2% (de um total de 159) dos trabalhadores entrevistados informavam ter sofrido algum tipo de intoxicação. Além disso, 45 pessoas referiram mal-estar durante a aplicação de produtos, 70% das mulheres citaram problemas na gestação acarretando perda do feto e ainda 39,4% fizeram referência à perda de um filho no primeiro ano de vida.
Em Minas Gerais, entre 1991 e 2001, um estudo feito com 1.064 trabalhadores encontrou 50% deles moderadamente intoxicados, revelando alto grau de risco para a saúde. Jefferson José Oliveira-Silva, após efetuar diversos estudos no Rio de Janeiro, estimou que o número esperado de intoxicações agudas por agrotóxicos entre trabalhadores agrícolas brasileiros seria de 360 mil casos a cada ano somente no meio rural.
Um estudo realizado no Rio Grande do Sul destacou que 75% dos trabalhadores rurais utilizavam agrotóxicos, a maioria organofosforados, de forma intensa durante sete meses do ano, e 12% dos agricultores que usavam esses produtos tiveram ao menos uma vez na vida intoxicação aguda e 36% apresentavam transtornos psiquiátricos.
Sabemos que a exposição aos agrotóxicos não se dá apenas nas áreas rurais, mas a falta de saneamento faz aumentar as pragas urbanas, e com elas há o aumento do consumo de inseticidas, raticidas e outros venenos nos domicílios. A própria saúde pública lança mão de agrotóxicos para tentar controlar vetores de algumas endemias, como a dengue.
Em outras regiões do país, no Amazonas, no Mato Grosso, os estudos mostram o mesmo quadro de correlação entre as intoxicações e o uso de agrotóxicos na agricultura.
Como se sabe, não há agrotóxico que não seja atóxico, e a escala de toxicidade varia entre muito pouco tóxico a altamente tóxico, conforme pode ser visto na tabela 2, de classificação da Organização Mundial da Saúde. Portanto, não há que se minimizar os perigos desses produtos, que não poderiam ser utilizados do jeito que vemos hoje no campo.
Em geral no campo os trabalhadores estão expostos a múltiplos agrotóxicos, uma vez que estes são aplicados em misturas, nem sempre tecnicamente recomendadas. Essa exposição pode se manifestar em uma grande variedade de sintomas e sinais que dificultam o diagnóstico, o tratamento e as medidas de prevenção.
Deve-se lembrar que os agrotóxicos ou seus derivados podem permanecer ativos no ambiente por períodos variados, alguns por longo tempo, afetando todos os seres vivos dos ecossistemas de acordo com a susceptibilidade de cada espécie, incluindo o ser humano. Podem também afetar a qualidade do ar, da água e do solo.
Ao final, a própria agricultura acaba por ser prejudicada em razão dos desequilíbrios ecológicos ocasionados por esses biocidas, piorando a proliferação de pragas que vão exigir novos produtos com maior toxicidade ou então aumentando a quantidade ou ainda ampliando as misturas. Tudo isso traz obviamente um aumento de nocividade, tanto para a saúde humana como para a qualidade do ambiente.
Um exemplo clássico do efeito negativo dos agrotóxicos no solo é o processo de degradação pela eliminação de flora e fauna, a qual exige o uso de fertilizantes químicos − outro problema não devidamente avaliado, especialmente relacionado com a utilização de micronutrientes contaminados por metais pesados, conforme estudos já realizados.
A perda de vitalidade do solo acaba afetando a qualidade das plantas, tornando-as mais sujeitas a pragas e doenças, e mais agrotóxicos são empregados, num ciclo perverso de contaminação que atinge todos os seres vivos.
Lia Giraldo
Pesquisadora do Departamento de Saúde Coletiva do laboratório Saúde, Ambiente e Trabalho, Fiocruz Pernambuco

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Cansei. Agora, sou AGRO

Empresas e entidades ligadas ao agronegócio lançaram, semana passada, uma grande campanha de mídia para tentar reverter a imagem negativa do setor, contando com atores como Lima Duarte e Giovana Antonelli. O Movimento de Valorização do Agronegócio Brasileiro – Sou Agro envolve também a produção de notícias e o desenvolvimento de pesquisas. A verdade é que, para mudar a imagem do agronegócio, que não vai lá muito bem com os recentes assassinatos de trabalhadores rurais, a tratorada sobre o Código Florestal, o trabalho escravo velho de guerra, noves fora os problemas de sempre, vai ser necessário uma campanha muito longa.
Quando o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros (lembram do “Cansei”?), organizado pela OAB-SP e parte rechonchuda da elite brasileira, foi lançado tive a mesma sensação estranha que estou tendo agora com o Sou Agro. A de que soa como algo que quer fazer com que você defenda interesses específicos pensando lutar pelo interesse nacional, passando por cima de algumas verdades. Que, muito provavelmente, não estarão na boca do Lima e da Giovana.
O Brasil não conseguiu garantir padrões mínimos de qualidade de vida aos seus trabalhadores rurais, principalmente aqueles em atividades vinculadas ao agronegócio monocultor e exportador em área de expansão da fronteira agrícola. Ocorrências de trabalho escravo, infantil e degradante, superexploração do trabalho, remuneração insuficiente para as necessidades básicas são registradas com freqüência. Prisões, ameaças de morte e assassinatos de lideranças rurais e membros de movimentos sociais que reagem a esse quadro também são constantes e ocorrem quase semanalmente. A estrutura fundiária extremamente concentrada também funciona como uma política de reserva de mão-de-obra, garantindo sempre disponibilidade e baixo custo da força de trabalho para as grandes propriedades rurais.
Parte do agronegócio brasileiro ainda não consegue operar com práticas sustentáveis, fazendo com que o meio ambiente sofra as conseqüências do desmatamento ilegal, da contaminação por agrotóxicos, do assoreamento e poluição de cursos d’água, entre outros. Da mesma forma, para a ampliação da área cultivável ou no intento de viabilizar grandes projetos há um histórico de expulsão de comunidades tradicionais, sejam elas de ribeirinhos, caiçaras, quilombolas ou indígenas, que ficou mais intensa com a colonização agressiva da região amazônica a partir da década de 70. Esse tipo de ação tem sido sistematicamente denunciado pelos movimentos sociais brasileiros às organizações internacionais – Belo Monte que o diga.
Mesmo se fossem fechadas as fronteiras agrícolas da Amazônia e do Cerrado – hoje abertas e em franca expansão – o país ainda teria uma das maiores áreas cultiváveis do planeta. Da mesma forma, seu clima (diverso, entre o temperado e o tropical, o que garante um vasto leque de produtos), relevo (grandes extensões de planícies e planaltos), disponibilidade de água e um ciclo de chuvas relativamente regular na maior parte do ano garantem excelentes condições de produção.

 Além disso, o Brasil é um dos países mais populosos do planeta, com mais de 180 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 10% trabalham no campo. Há mão-de-obra disponível, o que garante o desenvolvimento e a ampliação das atividades sem depender de migração externa ou de um choque de mecanização, como acontece com a União Européia ou os Estados Unidos.
O país possui uma legislação trabalhista que, se fosse seguida corretamente, seria capaz de resolver boa parte dos problemas sociais que ocorrem nessas propriedades rurais. Ela incomoda o capital e prova disso são as fortes pressões de empregadores por uma reforma que diminua os gastos com os direitos trabalhistas. 
O que existe efetivamente é um descompasso entre o que prevê a lei e a realidade no campo. Na busca por aumentar sua faixa de lucros e seu poder de concorrência no mercado nacional e internacional, parte dos agricultores descumpre o que está previsto na legislação e explora os trabalhadores, em intensidades e formas diferentes. Ficam com parte dessa expropriação e transferem a maior fatia para: a) a indústria, b) comerciantes de commodities de outros países e c) o sistema bancário brasileiro e internacional – que financia a produção.

 Os casos de exploração mais leves são mais freqüentes e dizem respeito ao pagamento de baixos salários e à manutenção de condições que colocam em risco a saúde do trabalhador. Do outro lado, as ocorrências mais graves estão na utilização de mão-de-obra escrava.
Como os casos “mais leves” de desrespeito ao trabalhador são mais freqüentes, eles passam despercebidos na mídia, preteridos em detrimento à gravidade do trabalho escravo e infantil, que ocorrem em menor número. Também não é interesse de algumas empresas de comunicação em discutir aumentos de salários no campo, uma vez que é freqüente a propriedade de TVs, jornais e rádios por grupos familiares do agronegócio. Já os assassinatos de trabalhadores rurais são vistos como “baixas de conflito”, inseridos em um discurso de que a defesa da propriedade privada predispõe e justifica o uso da força. Segundo esse discurso, é comum o progresso ter as suas vítimas.
A força política dos proprietários rurais continua sendo um entrave para a mudança dessa estrutura. Há uma laissez-faire no campo.
O detentor da terra na Amazônia, por exemplo, muitas vezes exerce o poder político local, seja através de influência econômica, seja através da força física. O limite entre as esferas pública e privada se rompe. Há no Congresso Nacional um influente grupo de parlamentares que defende os interesses das grandes empresas rurais, a chamada “bancada ruralista”. Infelizmente, esses deputados e senadores têm inviabilizado a aprovação de leis importantes que poderiam ajudar efetivar os direitos dos trabalhados do campo – como a que prevê o confisco das terras em que trabalho escravo seja encontrado. Temem que isso afete os seus principais eleitores.
É necessário acelerar a efetivação dos direitos dos trabalhadores e alterar a estrutura agrária brasileira. A tarefa é árdua, tendo em vista as razões expostas anteriormente, e passa também por mudanças políticas e econômicas que, certamente, irão incomodar as elites rurais, industriais, comerciais e financeiras, tanto do Brasil como do exterior, que lucram com esse sistema.
Infelizmente, a forma como vem sendo feito o desenvolvimento da agricultura brasileira, principalmente em regiões de expansão agrícola na Amazônia e no Cerrado, tem trazido crescimento econômico, mas não bem-estar social. Apesar do nível de consciência do trabalhador rural ter aumentado significativamente nos últimos anos, o que é pré-condição para que ele se torne um protagonista social, a mobilização ainda é insuficiente para uma mudança radical na estrutura de concentração econômica no campo. O governo Lula esteve aberto ao diálogo com grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mas frustrou expectativas por não tomar decisões que alterariam o statuo quo no campo. Pelo contrário, reforçou-o. Uma delas seria dar, pelo menos, o mesmo apoio garantido ao latifúndio para a pequena propriedade, considerando que a sua produtividade é comparável ou maior, ao passo que a degradação do meio ambiente e da força de trabalho são maiores na grande propriedade. Ressalte-se que apesar das grandes fazendas ficarem com a maior fatia do bolo do financiamento público, as pequenas propriedades é que empregam 80% da mão-de-obra no campo, produzem a maior parte dos alimentos consumidos pela população brasileira.
Ou seja, seria necessário um enfrentamento político e econômico contra as condições que garantem a exploração do trabalhador e do meio ambiente. Fato que, até a vista alcança, permanece distante.

Eucalipto transgênico no Piauí - Plantação sem regulamentação, tudo no goela à baixo....

Nota: No banco de dados da CTNBio disponível na internet não há qualquer autorização para pesquisa com eucalipto transgênico no estado do Piauí.
“Engana-se quem acha que a Suzano Papel e Celulose está agindo sozinha em terras piauienses. A empresa entregou para a FuturaGene o seu campo de testes e as fazendas experimentais instaladas no Estado.
A FuturaGene, empresa britânica especializada em biotecnologia foi adquirida pela Suzano em 2010. A FuturaGene já conduziu os testes com florestas de eucalíptos transgênicos no Piauí e agora espera a regulação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para vender no mercado.”
As informações são do Valor Econômico.

Urgente: represión en Ledesma. 3 muertos en un desalojo en tierras del Ingenio

ImageLa toma de tierras por parte de la Corriente Clasista y Combativa comenzó hace una semana en Libertador General San Martín, el desalojo y la represión llegaron esta madrugada a las 6 AM de la mano de la policía de Jujuy en connivencia con el gobierno provincial y la empresa Ledesma. Gases lacrimógenos, balas de plomo y de goma, perdigones de acero, alrededor de 25 detenidos y detenidas, más de 30 heridos y 3 muertos. Consultados telefónicamente por CP, desde CAPOMA (Centro de Acción Popular Olga Márquez de Aredez en defensa de los Derechos Humanos)  afirmaron que habría 4 muertos (3 manifestantes y 1 policía) aunque en los medios masivos de esa provincia se habla de 3 personas. A pesar de que el desalojo fue realizado, la represión continúa. AMPLIAREMOS - Por ContraPunto-RNMA.
Integrantes de la Corriente Clasista y Combativa (CCC) ocuparon tierras de la empresa Ledesma para reclamar la expropiación de las mismas. "La ciudad crece cercada por los márgenes de las propiedades del ingenio que no cede tierras a pesar de que un concordato la obliga a hacerlo" explicaron telefónicamente a ContraPunto desde CAPOMA que en estos momentos se encuentran en el lugar. Por ello, los manifestantes se hacen presentes y reclaman la posesión.

A pesar de cumplir la orden de desalojo, el ensañamiento policial, de infantería y caballería y de la guardia urbana fue brutal. La represión continúa en los barrios aledaños a las tierras, contra la gente que se manifiesta desde las afueras del terreno en disputa. Centenas de familias debieron ser evacuadas, ya que los gases lacrimógenos fueron tirados directamente hacia el interior de sus casas. La empresa Ledesma pasa topadoras en el lugar para desmantelar el asentamiento y prohibir el reingreso de las personas movilizadas.

Decenas de niños y bebés debieron ser hospitalizados por los gases lacrimógenos. Las balas de plomo y de goma dejan un saldo de heridos incontable. Los detenidos rondan las 25 personas, incomunicadas y de las cuales se niega la información de su paradero. Cuatro son los muertos, un policía y tres jóvenes manifestantes, dos muertos por balas de plomo y uno por las heridas de los gases lacrimógenos arrojados.
La CCC realizará a las 13:00 hs. un escrache en Capital Federal a la Casa de Jujuy, Santa Fé y 9 de Julio, por el desalojo y la represión sufridas. En Jujuy a las 17: 00, hs el Frente de Organizaciones Independientes convoca a una movilización en repudio al accionar policial.
Integrante de la Red Nacional de Medios Alternativos

Pela primeira vez, acusado de matar sem terra é condenado por um Júri

O Tribunal do Júri considerou Jair Firmino Borracha culpado pelo assassinato do trabalhador rural Eduardo Anghinoni, irmão de uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná. O réu foi condenado a 15 anos de prisão, mas poderá recorrer da decisão e responder em liberdade. O crime ocorreu em 1999, no município de Querência do Norte (PR).
Borracha é o primeiro acusado pela morte de um sem terra a ser condenado por um Júri. As provas e os depoimentos apresentados no julgamento reforçaram a hipótese da existência de uma organização criminosa que atuava contra os defensores da reforma agrária no Paraná.
Familiares da vítima lembraram que apenas um dos pistoleiros foi condenado. Ainda não se sabe quem são os mandantes ou quem financiava as perseguições, torturas e assassinatos ocorridos na época do crime. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre 1995 e 2000, 16 trabalhadores rurais foram assassinados no Paraná. Além disso, houve 31 tentativas de homicídio, sete casos de tortura e 322 feridos.
Em agosto de 2009, a Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o Brasil por não punir autoridades que grampearam ilegalmente associações de trabalhadores rurais ligadas ao MST. O Estado foi condenado a reabrir as investigações e reparar as vítimas pelos danos morais e materiais sofridos.

“Permiso para contaminar” MÉXICO


El 30 y 31 de julio se llevará a cabo la Séptima Asamblea Nacional de Afectados Ambientales en la comunidad de Salsipuedes, en el Estado mexicano de Guerrero.
“La Asamblea es un esfuerzo de diversas comunidades que están en peligro por la construcción de megaproyectos tales como minas, carreteras, fábricas, presas, granjas de ganado intensivas”, señalan desde la convocatoria.
En una entrevista para la red Boca de Polen, que difunde la agencia de ALER, el investigador Andrés Barreda, de la Facultad de Economía de la Universidad Nacional Autónoma de México, considera que la proliferación de este tipo de proyectos nocivos para el medio ambiente y para los pueblos, es porque el gobierno mexicano ofrece la nula protección ambiental como imán para las inversiones extranjeras.
Esto significa que en México las transnacionales pueden contaminar sin que sean sancionadas y sin tener que encargarse de los deshechos que producen, maximizando sus ganancias, afirmó Barreda.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Público lota sessão de lançamento do filme “O veneno está na mesa”

por Sheila Jacob, do NPC, com fotos de Diana Helene, do SOLTEC/UFRJ

Debate realizado com o autor Silvio Tendler após apresentação do vídeo

No último dia 25/07, o Teatro Casa Grande ficou pequeno para as mais de 500 pessoas que assistiram ao lançamento de “O veneno está na mesa”, o mais novo documentário do cineasta Silvio Tendler. O filme, feito para a Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, mostra em apenas 50 minutos os enormes prejuízos causados por um modelo agrário baseado no agronegócio.. Além dos ataques ao meio ambiente, os venenos cada vez mais utilizados nas plantações causam sérios riscos à saúde tanto do consumidor final quanto de agricultores expostos diariamente à intoxicação. Nessa história toda, só quem lucra são as grandes empresas transnacionais, como a Monsanto, Syngenta, Bayer, Dow, DuPont, dentre outras.
O documentário aborda como a chamada Revolução Verde do pós-guerra acabou com a herança da agricultura tradicional. No lugar, implantou um modelo que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar. Nós somos as grandes vítimas dessa triste realidade, já que o Brasil é o país do mundo que mais consome os venenos: são 5,2 litros/ano por habitante. A ANVISA denuncia que, em 2009, quase 30% dos mais de 3000 alimentos analisados apresentaram resultados insatisfatórios, com níveis de agrotóxicos muito acima da quantidade tolerável. Os produtos orgânicos, mais indicados, são de difícil acesso à população em geral devido ao alto custo.
Apesar do quadro negativo, o filme aponta pequenas iniciativas em defesa de um outro modelo de produção agrícola. Este é o caso de Adonai, um jovem agricultor que individualmente faz questão de plantar o milho sem veneno, enfrentando inclusive programas de financiamento do governo que tem como condição o uso desses agrotóxicos. Outro exemplo vem da Argentina: em 2009, a presidenta Cristina Kirchner ordenou à ministra da saúde, Graciela Ocaña, a abertura de uma investigação oficial sobre o impacto, na saúde, do uso de agrotóxicos nas lavouras. Enquanto isso, no Brasil, há incentivo fiscal para quem usa esses produtos, gerando uma contradição entre a saúde da população e a economia do país, com privilégio da segunda.
Debatedores destacam a importância do filme para divulgação do assunto
Em debate realizado após a exibição, o cineasta lembrou que o teatro Casa Grande nesta noite reiterou seu papel de resistência: enquanto na época da ditadura civil-militar reunia estudantes e militantes contra o inimigo fardado, “hoje o espaço serve para combater um inimigo invisível, que está diariamente em nossas mesas”. Letícia da Silva, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), destacou o papel fundamental do filme para a divulgação e a conscientização de um perigo que a gente nem sabe que corre. “Estamos aqui inclusive na luta por democracia, já que só as transnacionais são ouvidas neste assunto”.
Letícia explicou ainda como as transnacionais dos venenos trabalham para que seus produtos não sejam retirados do mercado no Brasil, mesmo sendo proibidos nos exterior: “Primeiro, tentam desqualificar nossos argumentos com pesquisas científicas mostrando que os agrotóxicos não fazem mal; depois, recebemos pressão diretamente de deputados ligados à bancada ruralista; por fim, entram com ações na justiça para continuar a venda dos agrotóxicos.”
Alexandre Pessoa, da Escola Politécnica Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ), afirmou que esta é uma luta não apenas contra os venenos, mas sim por um outro modelo de desenvolvimento, que priorize a vida e não os lucros. “Em julho do ano que vem o Brasil será sede de um encontro organizado pela ONU que irá discutir o modelo de desenvolvimento de vários países. Trata-se do Rio +20, momento apropriado para que os movimentos sociais exponham para o mundo o modelo que queremos, em contraste com o que está sendo desenvolvido”. Por fim, Nívia Regina, do MST, falou sobre a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, lançada em 7 de abril, Dia Mundial da Saúde. O objetivo é unir movimentos sociais e instituições públicas comprometidas para fazer críticas e propor alternativas ao atual modelo perverso de desenvolvimento do campo.
O Veneno está na mesa será em breve distribuído gratuitamente, além de ser exibido pela internet. Pelo BoletimNPC e Boletim do MST Rio divulgaremos como obter o vídeo, importante instrumento de denúncia e de conscientização para uma ameaça presente diariamente em nossas mesas.

Ausência do poder público ronda assentamento onde extrativistas foram mortos no PA

Por Gisele Barbieri
O clima no Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna, no Pará, é de abandono. Essa foi a sensação dos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Vanessa Graziotin (PCdoB-AM), no início da semana passada, durante reunião da Comissão Temporária Externa do Senado que acompanha as investigações de mortes em conflitos de terras na Amazônia. Em maio deste ano, os lideres extrativistas José Claúdio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foram executados a tiros no assentamento. A Comissão foi até o local ouvir os agricultores sobre a situação. Randolfe é relator da Comissão, presidida pela senadora Vanessa Grazziotin.
A suspeita é de que o crime tenha sido uma “queima de arquivo”, já que o casal lutava em defesa da floresta, o que desagradava muitos madeireiros da região. A luta do casal é a mesma das mais de 400 famílias que vivem no assentamento, porém com a falta de atenção do poder público, esses agricultores se sentem esquecidos pelos governos que só conseguem estar na área quando ocorrem casos de violência como esse. Além disso, muitas vezes precisam recorrer à venda de madeira para conseguir dinheiro.
De um lado, a juventude do presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Nova Ipixuna, Eduardo Rodrigues da Silva. Do outro, os cabelos brancos do presidente da Associação do Assentamento Praialta/Piranheira (APAEP), Osmar Cruz Lima. Ambos também são ameaçados de morte e fazem duras criticam ao poder público, o que traduz a revolta e a longa espera deles por soluções dos governos municipal, estadual e federal. “Se não houver intervenção do Estado aqui, vai morrer mais trabalhadores e não serão apenas assassinados, será de fome”, diz seu Osmar.
Eles não conseguem sobreviver da produção de alimentos. Faltam estradas que facilitem o escoamento da produção de derivados da castanha e do açaí. As crianças não encontram escolas próximas ao assentamento e muito menos atendimentos em saúde. Marabá, que é o município mais próximo, fica a 120 quilômetros de distância.
Derrubada da Floresta é alternativa
O desmatamento ilegal se torna a alternativa para sobreviver diante de tantas dificuldades. Os agricultores derrubam a floresta e vendem a madeira para serrarias e carvoarias da região. Eles confessam desconhecer a legislação ambiental, reclamam da falta de assistência técnica e nenhuma das famílias que vivem na área, de 22 mil hectares, possui licenciamento ambiental. Com isso, o Incra afirma que 40% da área do assentamento já foi desmatada.
Grande parte deles acumula multas por desmate ilegal que chegam a R$ 80 mil, emitidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Nós queremos a permanência da floresta em pé. Porém precisamos de condições para viver e produzir, por meio do extrativismo e da agricultura familiar. É por isso que precisamos de segurança, além da presença do governo estadual e federal com políticas públicas voltadas para essa região. Como nós agricultores pagaremos multas nesse valor”, disse Eduardo Rodrigues Silva.
“O que se percebe é que existe uma forte intenção dos trabalhadores em ter uma produção sustentável, porém há uma completa ausência do poder público para incentivar a preservação da floresta”, ressalta Randolfe Rodrigues.
A morte de José Claúdio Ribeiro e Maria do Espírito Santo ainda é sentida pelos moradores e eles deixam claro que a causa de tantas mortes de defensores da floresta é a consequência do abandono e da impunidade. “Esses assassinatos crucificam o nosso município, isso não pode acontecer precisamos viver com segurança e dignidade, essa solução se arrasta por anos”, diz Neide Jabor, outra moradora do assentamento.
Ela lamenta que crimes como esse se configurem na única chance de estar tão próximo do poder público. Por essa razão, a reunião com a presença dos senadores, representantes da OAB, do governo do estado, Incra, MDA e polícia civil estadual, que era para investigar questões referentes a morte dos dois extrativistas, tornou-se um encontro de desabafo.
Um documento com a síntese de todas essas reivindicações foi entregue à Comissão de senadores. Para Randolfe, com essas informações é preciso agir. Ele irá concluir o relatório até o final de agosto.
“Essa comissão tem dois objetivos. Um deles é acompanhar investigações, garantindo que os culpados respondam pelo crime. O outro é ouvir esses agricultores, fazer um diagnóstico da situação e apresentar esse relato ao Ministério da Justiça e a presidente da república”, lembra Randolfe.
Inquérito- o inquérito da morte dos dois agricultores será concluído no dia 24 deste mês, afirmou o delegado geral adjunto da Polícia Civil do Pará, Rilmar Firmino de Sousa. O delegado acompanhou a Comissão do senado na reunião no assentamento Praialta. De acordo com ele, mais de 60 pessoas foram ouvidas e já há indiciados como executores e mandante do crime. Os nomes ainda não podem ser divulgados porque o inquérito corre em segredo de justiça. O delegado José Humberto de Melo Júnior, diretor da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), de Marabá, está à frente das investigações.

Feira das Terças

Amigos da terra
No Tutti Giorni, foi dado início ao ciclo “Feira das Terças”. A proposta é abrir um espaço de diálogo diversificado sobre variadas temáticas. Na última terça-feira de cada mês, tod@s que estiverem interessados em expor seus trabalhos, projetos ou temas em foco poderão contar com o espaço.
Na inauguração, o Nani deu seu apoio à iniciativa. Para a próxima Feira das Terças (30 de agosto) está prevista a exposição da Grafar: associação aberta de cartunistas, chargistas, caricaturistas, ilustradores e quadrinistas gaúchos.
O Tutti Giorni está localizado na escadaria do Viaduto da Borges, número 788 da Avenida Borges de Medeiros. Quem quiser colaborar, pode entrar em contato pelo emailfeira3tutti@gmail.comou pela conta no Facebook:Feira das Terças.

Controle da qualidade da água no Brasil não acompanha contaminação química

A água potável no Brasil pode conter 22 tipos de agrotóxicos, 13 de metais pesados, 13 de solventes e seis de desinfetantes. Essa presença contaminante é tolerada até níveis fixados em uma escala oficial, que às vezes é ultrapassada por conveniências econômicas e devido a controles inadequados. Até 1977 as autoridades determinavam que a água própria para consumo humano não podia conter resíduos de mais de 12 agrotóxicos e dez metais. Nada sobre os demais. Desde então foram feitas duas atualizações, em 1990 e 2004, “legalizando” os resíduos de novos insumos químicos usados na agricultura e na indústria, lamentou Wanderlei Pignati, médico e professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
Em comparação, a União Europeia só admite cinco agrotóxicos, com limites inferiores aos previstos no Brasil e um total que impede que cada um chegue ao máximo tolerado, cuidado este também não adotado no Brasil. O controle de qualidade da água potável, ainda baseado em eliminar bactérias, não acompanha a crescente contaminação química, que exige equipamentos “caros e sofisticados” em medições complexas, afirmou Pignati, especialista que é referência nacional na pesquisa e na luta contra o que se considera abuso de venenos agrícolas.
O Brasil se converteu, há três anos, no maior consumidor mundial de defensivos agrícolas de cultivos, apesar de produzir, por exemplo, menos de um terço de grãos do que os Estados Unidos. É o custo da liderança em agricultura tropical, alcançado nas últimas décadas e que lhe permitiu exportar US$ 76,4 bilhões em bens deste setor no ano passado. A façanha econômica brasileira se concretizou graças a muita pesquisa agronômica e intenso emprego de fertilizantes, inseticidas, herbicidas e fungicidas, além da aposta nas monoculturas extensivas, especialmente a soja, que se converteu no principal produto das exportações, superando de longe os tradicionais café e açúcar.
O Estado do Mato Grosso, no centro oeste do país e na fronteira sudeste da Amazônia, sintetiza essa mudança ao se constituir no maior produtor nacional de soja e, por extensão, também o maior consumidor de defensivos agrícolas, denominação para os agroquímicos preferidos pelos produtores e camponeses.
Além de expandir a área plantada, o que ocorre a partir do desmatamento, o setor produtor local intensificou o uso de agrotóxicos. “Há dez anos aplicavam-se oito litros em um hectare de soja, hoje são dez litros”, disse Pignati. “Os agrotóxicos são uma droga lícita, como o álcool e o tabaco”, acrescentou ao responder uma pergunta da IPS. O modelo de desenvolvimento agrícola brasileiro estimula seu uso, isentando-os, por exemplo, do imposto comercial que, no entanto, é aplicado em medicamentos, em uma prioridade reversa, em detrimento da saúde, ressaltou o especialista.
Pignati é um dos ativistas da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, lançada no Mato Grosso no começo de junho, que se dedica a estudar o assunto e divulgar seus conhecimentos desde que chegou à conclusão de que é mais eficiente atacar as causas das enfermidades do que formar médicos para tratamentos individuais. Na universidade, vinculou-se ao Departamento de Saúde Coletiva. O Mato Grosso consome cerca de 150 milhões de litros de agrotóxicos por ano, equivalente a 50 litros por habitante, contra a média nacional de 5,2 litros, segundo Pignati.
É inevitável contaminar as águas em um Estado que possui milhares de nascentes fluviais que alimentam as bacias do Rio da Prata e outras quatro amazônicas, alertou Pignati. O sistema de tratamento da água para consumo da população data de “cem anos atrás” e busca retirar contaminantes por decantação, mas muitos produtos químicos escapam desse método e ficam dissolvidos na água, explicou. Seus efeitos não são apenas as diarreias, mas neurológicos, cancerígenos, endocrinológicos, psiquiátricos e sua presença persiste durante décadas.
A “disfunção endócrina”, um tema recente evidenciado pela proliferação de diabetes, hipotireoidismo e outros distúrbios, servem de alerta para esse problema, alerta o médico. O risco sanitário no Brasil aumenta pelo uso de venenos que há muito tempo foram proibidos em outros países, especialmente na Europa. O caso emblemático é o Endosulfan, um inseticida responsável por intoxicações fatais, abortos, má-formação fetal e danos aos sistemas nervoso e imunológico.
Uma resolução governamental de 2010 determina sua abolição gradual no Brasil. O Endosulfan estará proibido somente a partir de 2013, e nas próximas semeaduras ainda será permitida a utilização de 14,8 milhões de litros. Outros 13 produtos estão sendo avaliados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A aplicação desses venenos por meio de aviões, o que agrava a contaminação de pessoas, água e biodiversidade devido à dispersão incontrolada, é um alvo prioritário dos ambientalistas.
Uma “chuva de agrotóxicos”, lançada por um avião pulverizador, caiu em março de 2006 sobre Lucas do Rio Verde, cidade de 45 mil habitantes no norte do Mato Grosso, rodeada de soja em uma época ou de milho e algodão, em outra. A intoxicação de pessoas, animais e plantações provocou condenações e amplos debates. Outro grande impacto teve a divulgação em março de um estudo feito por Danielly Palma, coordenado por Pignati, que identificou a presença residual de agrotóxicos no leite materno de 62 mulheres examinadas no ano passado em Lucas de Rio Verde em 2010.
Em todas havia DDE, que é no que se transforma o DDT (dicloro difenil tricoloroetano), e em 44% delas foram encontrados resíduos de Endosulfan. Mas estas críticas e pesquisas são relativizadas por dirigentes políticos do mundo dos grandes negócios agropecuários. A comparação com a Europa é indevida, devido às condições distintas. Os agricultores brasileiros cumprem as regras fixadas pela Anvisa, o órgão regulador do Ministério da Saúde, afirmou Seneri Paludo, diretor-executivo da Federação da Agricultura de Mato Grosso.
A quantidade de consumo de defensivos agrícolas por quantidade de habitantes tampouco é uma medida legítima, acrescentou Paludo. Os agricultores tendem a usar “uma dose inferior à necessária, o que às vezes agrava as pragas”, porque os defensivos representam maiores custos, afirmou. Sua disposição em proteger o meio ambiente se comprova pelo fato de Mato Grosso ser líder nacional em coleta de embalagens de agroquímicos usados, ressaltou o dirigente.
Por sua vez, Edu Pascoski, secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Lucas do Rio Verde, argumenta que os resíduos identificados nas pesquisas em seu Município “estão dentro dos níveis aceitáveis”, fixados pela Anvisa. Também justificou que o DDT e o DDE permanecem nos seres humanos por mais de 60 anos, por isso o que foi encontrado nos estudos de Danielly Palma pode refletir o uso do produto em etapas muito anteriores à sua proibição em 1998.
Contudo, se forem verificados “abusos no uso de agroquímicos”, isso será devido a permissões dadas por autoridades nacionais, afirmou Pascoski, após garantir que sua cidade apresenta bom desempenho ambiental, com um acompanhamento constante da qualidade da água potável, áreas de proteção preservadas ou em recuperação e abundante vegetação.