BRasiL RURaL
Porto Alegre reviveu nos últimos dias sua vocação para hospitalidade e a noção de que faz parte de um país diverso e rico. Veio a nostalgia de um recente tempo mais civilizado que não se perdeu na memória da população. O sentimento é por contraste. Faz quase uma década que a postura de fechamento e hipervalorização de um estilo de vida, valores e ambiente propicio para a introdução e disseminação ideológica de determinados produtos, recolocou um protocolo urbano sobre o que é a cultura gaucha. A arrogância desse tipo de atitude disposta a aniquilar a diversidade de pensamento produziu um distanciamento e certo obscurantismo indiferente ao diálogo.
A Feira Nacional de Produtos da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário no Cais de Porto Alegre trouxe consigo a força a produção de quem está na terra para produzir comida para a população brasileira. A nossa comida. A concepção da Feira: "Brasil Rural Contemporâneo" foi cuidadosa e sensivelmente organizada.
Deu conta de demonstrar como um setor da sociedade que era tido como atrasado se transformou em potência nacional. Um belíssimo contraponto às monoculturas do agronegócio, que produzem commodities no mercado financeiro e não materializam bem-estar para o conjunto da sociedade, além de serem nocivas ao meio ambiente.
Foi possível se perguntar, caminhando nos decks de madeira reciclada da praça de alimentação, ouvindo onde Porto Alegre e o povo gaucho esteviram metidos nesses últimos anos. No Rio Grande do Sul as políticas públicas para a produção e o campo incentivam mais ao agronegócio do que a agricultura familiar.
Nós somos o estado dos transgênicos e dos eucaliptos. Outros estados como Mato Grosso, Rondônia, Paraná, Pará, Rio Grande do Norte e ate o Rio de Janeiro exibiam a produção agrofamiliar. Todas caracterizadas pelo aproveitamento de recursos e riqueza locais, ou resultado de apostas pioneiras.
A exemplo da família de imigrantes japoneses que perdeu sua produção de café no norte do Paraná e plantou pouco mais de 30 hectares com mudas de Macadâmia. Sem precisar ampliar a área de plantio, a noz de origem australiana, que pode ser consorciada ao café, apresentou produtividade superior a soja.
Talvez a evidencia do nosso atraso como Estado tem ficado mais nítida para um conjunto maior de pessas ao assistir a Gilberto Gil, Otto, Monobloco, Nei Lisboa, Frank Jorge, Julio Reny, Wander Wildner e Teatro Magico, debaixo de uma estrutura de lona na Marina Pública, próximo ao Gasômetro. A farta distribuição de cortesias e o valor do ingresso - realmente popular - formaram fila.
A cidade que permitia assistir Mano Chao no Araújo Vianna por 10 reais voltou por um momento. Uma brisa de civilidade brotou dos imaginários de quem esteve por ali, tomando cachacinha de Salinas ou da Chapada Diamantina.
Claro que o mal-estar não vem da opção equivocada de política agropecuária local. O empobrecimento gaúcho não é apenas financeiro, ele é resultado da falta de projeto político. Ao interditar as possibilidade de debate a partir da formação de uma agenda mínima de intenções - todos compromissos de mercado - forçada por uma acordo desigual, a direita gaúcha, cuja identidade ideológica e estética pode ser reduzida à fórmula: Partidos Conservadores+RBS+Zaffari+Grêmio/Inter, conseguiu demonstrar para além de qualquer retórica, que é incompetente.
Os artistas manifestaram-se durante o show, lembraram da importância da reforma agrária. Uma faixa com os dizeres: "Música livre de jabá. Pampa livre de eucalipto. Mulher livre do machismo" foi estendida no palco durante o show do Teatro Mágico e do Pedro Munhoz. Wander Wildner, como anfitrião local reconheceu a organização e chamou atenção* para o fato de "ter que vir alguém de fora para organizar um show assim". Lirinha afirmou que "uma arado vai cortar o latifúndio". Todos esses temas-tabu para as vozes e caras que controlam as subjetividades através da construção de sentido social, tirou do torpor boa parte do publico local.
Enfim, um feira que deu aos gaúchos e, especialmente aos porto-alegrenses, a certeza de que uma mudança por aqui urge!
Agricultura familiar vai à Feira: a diversidade do Brasil
A Feira Nacional de Produtos da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário no Cais de Porto Alegre trouxe consigo a força a produção de quem está na terra para produzir comida para a população brasileira. A nossa comida. A concepção da Feira: "Brasil Rural Contemporâneo" foi cuidadosa e sensivelmente organizada.
Deu conta de demonstrar como um setor da sociedade que era tido como atrasado se transformou em potência nacional. Um belíssimo contraponto às monoculturas do agronegócio, que produzem commodities no mercado financeiro e não materializam bem-estar para o conjunto da sociedade, além de serem nocivas ao meio ambiente.
Foi possível se perguntar, caminhando nos decks de madeira reciclada da praça de alimentação, ouvindo onde Porto Alegre e o povo gaucho esteviram metidos nesses últimos anos. No Rio Grande do Sul as políticas públicas para a produção e o campo incentivam mais ao agronegócio do que a agricultura familiar.
Nós somos o estado dos transgênicos e dos eucaliptos. Outros estados como Mato Grosso, Rondônia, Paraná, Pará, Rio Grande do Norte e ate o Rio de Janeiro exibiam a produção agrofamiliar. Todas caracterizadas pelo aproveitamento de recursos e riqueza locais, ou resultado de apostas pioneiras.
A exemplo da família de imigrantes japoneses que perdeu sua produção de café no norte do Paraná e plantou pouco mais de 30 hectares com mudas de Macadâmia. Sem precisar ampliar a área de plantio, a noz de origem australiana, que pode ser consorciada ao café, apresentou produtividade superior a soja.
Talvez a evidencia do nosso atraso como Estado tem ficado mais nítida para um conjunto maior de pessas ao assistir a Gilberto Gil, Otto, Monobloco, Nei Lisboa, Frank Jorge, Julio Reny, Wander Wildner e Teatro Magico, debaixo de uma estrutura de lona na Marina Pública, próximo ao Gasômetro. A farta distribuição de cortesias e o valor do ingresso - realmente popular - formaram fila.
A cidade que permitia assistir Mano Chao no Araújo Vianna por 10 reais voltou por um momento. Uma brisa de civilidade brotou dos imaginários de quem esteve por ali, tomando cachacinha de Salinas ou da Chapada Diamantina.
Claro que o mal-estar não vem da opção equivocada de política agropecuária local. O empobrecimento gaúcho não é apenas financeiro, ele é resultado da falta de projeto político. Ao interditar as possibilidade de debate a partir da formação de uma agenda mínima de intenções - todos compromissos de mercado - forçada por uma acordo desigual, a direita gaúcha, cuja identidade ideológica e estética pode ser reduzida à fórmula: Partidos Conservadores+RBS+Zaffari+Grêmio/Inter, conseguiu demonstrar para além de qualquer retórica, que é incompetente.
Os artistas manifestaram-se durante o show, lembraram da importância da reforma agrária. Uma faixa com os dizeres: "Música livre de jabá. Pampa livre de eucalipto. Mulher livre do machismo" foi estendida no palco durante o show do Teatro Mágico e do Pedro Munhoz. Wander Wildner, como anfitrião local reconheceu a organização e chamou atenção* para o fato de "ter que vir alguém de fora para organizar um show assim". Lirinha afirmou que "uma arado vai cortar o latifúndio". Todos esses temas-tabu para as vozes e caras que controlam as subjetividades através da construção de sentido social, tirou do torpor boa parte do publico local.
Enfim, um feira que deu aos gaúchos e, especialmente aos porto-alegrenses, a certeza de que uma mudança por aqui urge!
fotos: Centro de Estudos Ambientais (CEA)
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