Na semana em que pesquisas no Estado do Paraná apontam que o milho transgênico é mais contaminador do que afirmam o Ministério da Agricultura juntamente com a CTNBio, o Rio Grande do Sul noticia a compra de sementes de milho trangênico para o Programa Troca-troca de sementes que funciona através de parceria da Secretaria da Agricultura com prefeituras, associações e sindicatos rurais e Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag).
O que seria uma saída, mal administrado vira um problema...
Pra quem não conhece o programa foi criado para subsidiar sementes de cebola e milho pra pequenos produtores. Cada produtor tem uma cota máxima de sementes o qual pode pegar. Depois da colheita, o agricultor devolve o tanto de sementes que pegou abastecendo assim um banco de sementes estadual que coloca as sementes à disposição de outros produtores que seguem o ciclo, isso na criação do programa em meados de 1996...
Mas, de acordo com a política de aplicação de cada novo Governo, o projeto foi se modificando. No início se fazia fundamental o uso de sementes crioulas, já que outros tipos se sementes perdem a capacidade de germinação ou são estéreis. Em função da mudança de política de aplicação do programa, a Secretaria de Agricultura deixou de administrar um banco de sementes e passou a negociar com empresas donas de variedades impossibilitando assim, o desenvolvimento de sementes do produtor, que passaram a pagar a sua semente com grãos de milho, devolvendo ao estado grãos em maior quantidade (pois a semente é mais cara que o grão) para abastecer o estado possibilitando que o estado tivesse o domínio sobre o jogo de mercado onde se segura ou se larga o produto para controle do preço.
No fim o projeto de conservação vira a destruição...
Nos últimos anos o programa vem trabalhando com o pagamento em dinheiro destas sementes. A única vantagem do produtor é que supostamente a semente só é paga depois de vendida a colheita, digo supostamente porque o tempo da natureza não é algo levado em conta pelos prazos da Secretaria de Agricultura, então caso o produtor não tenha outra renda, perde a vantagem de esperar o preço subir para vender, tem que vender pra pagar a semente em maio e ponto, fora casos especiais como situação de emergência, ou calamidade do município.
Com a notícia desta semana, de que o estado do RS irá comprar sementes transgênicas para o programa Troca-troca me surgiram várias dúvidas e uma indignação sem tamanho. Primeiro não entendo porque manter o nome do programa? Porque não chamá-lo de “venda sua alma” ou ainda “acabe com a semente crioula do seu visinho”, fora a brincadeira de mau gosto, mas sincera, eu gostaria que o estado do RS pelo menos criasse uma nova concepção clara para o programa, já que no site da Secretaria da Agricultura fala muito pouco da história do programa, não fala da concepção, e ainda faz uma campanha à favor do Governo atual.
Troca-troca de que? Troca de liberdade de plantio por algemas da Bayer? Troca de produção barata por pesos de agroquímicos? Troca de culturas originárias por cânceres europeus?
Acabaram de comprometer toda produção de milho do estado do RS, e isso é muito sério. A base alimentar da pequena propriedade é o milho. A situação é preocupante, temos que fazer algo, temos que agir.
Marília Gonçalves
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