"un pedacito del planeta que no pudieron no!"

Um cantinho do Brasil, orgulhosamente no Pampa Gaúcho, que quer fazer a diferença,
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terça-feira, 8 de março de 2011

Dia da Mulher, dia de comemorar ou lutar?


Hoje, dia 8 de março assistimos a um monte de comemorações do dia da mulher. Parabenizam-nos como se o fato de termos nascido mulher seja algo a ser comemorado. Claro que os homens comemoram isso mesmo, mas pra nós mulheres o que é comemorar o 8 de março?
Como eu nasci na década de 1980, durante toda minha vida este debate de feminismo me acompanha, de formas bem diferentes, como na TV quando teve a primeira mulher a beijar dois homens na mesma novela, ou todas aquelas novelas e seriados com mulheres poderosíssimas, seja com grana, seja com poder ou cinicamente aquele seriado mulher que insistia que aquelas mulheres eram mulheres do cotidiano, mesmo que não lembro nenhum seriado que elas não tivessem grana pra colocar comida na mesa (algo do nosso super cotidiano). Acompanhei nas rádios a inserção das locutoras, nos jornais impressos as jornalistas, enfim, eu vivi este período de inserção da mulher no mercado de trabalho.
 Mas, a luta era por inserção no mercado?
Fui criada dentro da igreja católica, nunca fui muito cordeira, mas ia a tudo, catequese, missa, participava com minha mãe das pastorais e participei de muitas discussões políticas por lá. Posso dizer que tive minha iniciação do pensamento crítico lá dentro, talvez a formação tenha sido tão boa que hoje me nego a participar deste tipo de comunidade. Mas realmente se discutia muito dentro da igreja a desigualdade em que a mulher vivia na sociedade. Eu morava numa cidade bem pequena no interior da Bahia e lá a situação de toda comunidade era muito complicada, e das mulheres então era horrível, minha mãe era da pastoral da saúde, conheci muitas realidades diferentes, e me colocava de certa forma no lugar deles, isso me fez enxergar muito.
Quando comecei a ficar maior, já tinha sido da classe média no Paraná, e estava em Herval, interior do RS, onde moro até hoje, comecei então a participar de mais lugares de discussão política e esse tema da mulher nunca se fez resolvido, e não está.
No início tinha esta percepção de que a mulher buscava espaço no mercado de trabalho, queriam trabalhar em qualquer coisa, somos seres humanos capazes como qualquer outro, mas com o tempo fui enxergando que isso não bastava, afinal, se eu saio pra trabalhar e alguém fica com meu filho, então o trabalho que eu farei a outro alguém será mais valorizado que o trabalho que alguém fará de cuidar do meu filho? De limpar a minha casa?
Penso então que a luta da mulher esta em torno da valorização do seu trabalho, seja ele qual for, na fábrica ou no fogão de casa, na rádio ou no varal de casa, a mulher deve ser valorizada dentro do que faz. Não só a mulher mas de todo trabalhador, na verdade precisamos nós trabalhadores sermos mais valorizados, na verdade precisamos assumir o comando de nossas vidas, precisamos, nós, trabalhadores deixar de assumir uma ideologia que não é nossa, a ideologia dos  grandes meios de comunicação é a ideologia do capital, onde “é bom que a mulher se liberte que barateia minha mão-de-obra e é mais mercadoria pra mim”, precisamos estar atentos sempre pra não cair nas armadilhas que eles nos montam.Hoje na grande mídia do Brasil está em discussão o aborto e vejam bem, o defensor do aborto na principal novela é um homem. Um pai que quer ter o direito de não ser pai, ou seja, eles estão distorcendo a luta de que o corpo é nosso, nós que decidimos. Agora somos nós, as mulheres más que obrigam homens imaturos, inconseqüentes, ignorantes, egoístas, idiotas a ter filhos, a culpa é nossa, eles sempre caem na nossa conversa...
Então, o 8 de março é dia de luta!!
Neste dia um grupo de mulheres iniciou o que desencadearia a revolução socialista na Rússia, neste dia um grupo de mulheres foi queimado numa fábrica de tecidos nos EUA quando protestavam por seus direitos. E todos os dias sofremos algum tipo de preconceito, e no 8 de março comemoramos por termos nascido mulheres?? Não queremos sua festa, Sr. Capital, não façam com o nosso 8 como fizeram com o dia das mães, e dos pais, e tantos outros que foram criados pra se dar presentes, dias criados pra girar capital.
Com o nosso 8 não!! Nosso 8 é dia de luta, nosso 8 é dia lembrar o que já conquistamos e pensar no que queremos sem cair nas armadilhas do capital, sem nos deixar esmorecer.
Um 8 de março de lutas e conquistas à todos!!!


 Texto:Marília Gonçalves
Revisão: Felipe Freitas

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