Amigos da Terra Brasil
O SUPER CONSUMO EUROPEU CONDUZ A DESTRUIÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA
Bruxelas, 25 de janeiro de 2010 – o crescimento da demanda européia por carne, ração animal e agrocombustíveis está contribuindo para a destruição da Amazônia e do Cerrado, revela o novo relatório a ser lançado por Amigos da Terra Europa. O relatório surge num momento em que a bancada ruralista brasileira está fazendo lobby para alteração do código florestal federal. A fim de enfraquecer demandas futuras.
O relatório – Da floresta à mesa [1] – mostra que os dados mais recentes revelam que a União Européia:
- é o quarto maior importador de carne brasileira com mais de 250 mil toneladas de carne bovina importada em 2009.
- é um dos principais mercados para soja e farelo de soja brasileiro comprando cerca de um terço da colheita nacional.
- em 2009 foi o maior importador de etanol brasileiro, produzido com cana de açúcar, corresponde a 26,5% das exportações brasileiras.
A soja, principalmente para ração animal, biodiesel e a pecuária, tem sido historicamente o principal condutor do desmatamento no Brasil. Contudo, o relatório mostra que a expansão da cana de açúcar, principalmente para produção de agrocombustíveis, está deslocando a soja e o gado para as fronteiras da floresta.
Apesar das recentes quedas das taxas de desmatamento na Amazônia, para 6450 km² ainda são derrubados todos os anos – o equivalente a 2475 quadras de futebol por dia. [2] O Cerrado tem índices ainda piores, com 20000 km² destruídos anualmente – o tamanho da Eslovênia – o equivalente a 7674 quadras de futebol por dia. [3]
The research highlights that the production of the three commodities is expected to grow – soy production by 5 million hectares by 2020, cattle ranching and sugar cane production by 25% over the same period – placing additional pressure on forests, ecosystems and livelihoods in Brazil.
A pesquisa ressalta que é esperado o aumento da produção das três commodities – 5 milhões de hectares de soja até 2020, a pecuária e a cana de açúcar deve crescer 25% no mesmo período – colocando uma pressão adicional nas florestas, nos ecossistemas e nos meios de subsistência no Brasil.
Adrian Bebb, da campanha sobre alimentação e agricultura de Amigos da Terra Europa afirmou:
“O super consumo europeu de carne, ração e agrocombustíveis está levando à contínua destruição da floresta Amazônica e o Cerrado brasileiro. Enquanto a população européia pode reduzir os níveis de consumo de carne, os governos precisam urgentemente ajudar os agricultores a reduzir o uso de soja para ração animal e eliminar os planos de expansão do uso de agrocombustíveis. A continuada destruição no Brasil terá sérias conseqüências para o clima, para a biodiversidade e para a vida de milhares de pessoas.”
A atual legislação florestal brasileira está sob ameaça do agronegócio interessando em expandir sua fronteira agrícola derrubando florestas e savanas. As mudanças propostas a serem votadas em breve no Congresso Nacional Brasileiro podem levar a uma massiva redução na proteção de áreas de floresta nativa (70 milhões de hectares poderiam perder o status legal de proteção). Vários estudos apontam que essa mudança poderia levar à liberação de 25 milhões de toneladas de CO2 eq. na atmosfera [4].
Clarissa Trois Abreu dos Amigos da Terra Brasil diz: “Apoiado pela alta demanda no exterior, o agronegócio tem feito um lobby agressivo para transformar áreas de floresta em plantações e produção. Qualquer enfraquecimento no código florestal levará a uma redução massiva das florestas protegidas. Plantações não substituem o benefício que as florestas fornecem para o clima e para a vida selvagem, ao mesmo tempo, que representam uma ameaça à subsistência de pequenas comunidades rurais.
NOTAS
1. For Forest to Fork – How cattle, soy and sugar are destroying Brazil’s forests and damaging the climate.
4. Technical Report – Potential impact of Brazilian Forest Code changes to the national goal of GHG reduction emissions (in Portuguese): http://www.oc.org.br/cms/arquivos/relatorio_cfb_final.pdf
Contato no Brasil: imprensa@natbrasil.org.br
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