"un pedacito del planeta que no pudieron no!"

Um cantinho do Brasil, orgulhosamente no Pampa Gaúcho, que quer fazer a diferença,
enxergando e discutindo problemas globais e discutindo e realizando soluções locais .

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

ABAIXO ASSINADO: NÃO AO CARVÃO NA APA DO BANHADO GRANDE:

Vale lembrar que o Assentamento do MST que fica nesta área sofre para produzir por ter que cumprir as normas ambientais que é claro, deles são cobradas. Lembrando sempre, as leis são para escrevizar os pobres, nada mais.
>> Assine este abaixo-assinado <<

As empresas de mineração COPELMI Mineração Ltda. e Mineração Sul 
Brasil Ltda. ingressaram com pedido de licença prévia para minerar 
carvão no interior da área de Proteção Ambiental do Banhado Grande 
(APA-BG) em nossa cidade.

Considerando que a Área de Proteção Ambiental Banhado Grande, é uma 
unidade de conservação de Uso Sustentável, tem uma área total de 136 
mil hectares, decretada pelo governo do estado, com objetivo principal 
de proteção da bacia do Gravataí, porém, esta unidade não foi 
implementada e as atividades dentro do seu limite não correspondem com 
as objetivadas por esse tipo de unidade de conservação.

A APA do Banhado Grande foi criada em 1998, pelo Decreto Nº 38.971 de 
23 de outubro, situando-se nos municípios de Glorinha, Gravataí, Santo 
Antônio da Patrulha e Viamão. 

Nela insere-se o conjunto de banhados formadores do Rio Gravataí: 
Banhado do Chico Lomã (Santo Antônio da Patrulha); Banhado dos 
Pachecos (Viamão); e Banhado Grande(Gravataí e Glorinha) (SEMA).
Considerando que os objetivos da área são preservar o conjunto de 
banhados, compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a 
proteção dos ecossistemas naturais, conservar o solo e os recursos 
hídricos, recuperar as áreas degradadas, contribuir para a otimização 
da vazão do Rio Gravataí, e, ainda proteger a flora e a fauna nativas 
e seus locais de reprodução. A APA do Banhado Grande ainda não tem 
efetivação além da legalidade imposta pelo decreto, isso quer dizer 
que não existe um plano de manejo, com planejamento de ações e 
zoneamento ecológico econômico da área, isso implica na falta de 
diretrizes e controle das atividades praticadas na área de proteção 
ambiental. Dos objetivos prioritários da Área de Proteção Ambiental 
está proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de 
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais 
(SistemaNacional de Unidades de Conservação, regulado pela
Lei 9.985 de 18 de julho de 2000).

Considerando que o Banhado Grande tem uma importância fantástica 
relacionada com a flora e fauna, pois ali vivem inúmeras espécies 
animais, que tem esta região como seu habitat natural(Qualidade das 
Água da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí/FEPAM, página visitada em 
21/07/2010). É ponto de migração de aves que vêm de outras regiões do 
Brasil e até mesmo de outros continentes, que passam pelo banhado em 
diferentes épocas do ano, em busca de repouso e alimento farto para 
seguirem em novas viagens. Uma infinidade de peixes e répteis buscam 
seu último e derradeiro ninho de abrigo, no banhado que, com suas 
águas mornas e calmas, permite a desova, o aninhamento e a procriação 
destes animais. Grandes mamíferos, já em fase de extinção, tem o 
banhado como refúgio.

Considerando que APA é extremamente sensível e saturada. Por mais 
avançadas que sejam as tecnologias e as condicionantes de licenças, os 
recursos hídricos e a biodiversidade provavelmente não suportarão 
tamanha intervenção e, conforme experiências recentes, o poder público 
não tem estrutura para monitoramento, controle e principalmente, 
fiscalização. De acordo com o Plano Diretor Municipal, em seu artigo 
119, (Lei 3.530/2006), a APA do Banhado Grande localiza-se na 
Macrozona Rural de Preservação do Manancial que tem como objetivos 
mínimos orientar as políticas públicas no sentido de compatibilizar o 
uso e ocupação do solo com o interesse de abastecimento público e 
preservação socioambiental, especialmente para com as nascentes 
naturais.

Considerando a importância do Banhado Grande se dá em referência ao 
mecanismo de regulador da vazão do rio Gravataí, pois para lá 
convergem todas as águas que, gradativamente, alimentam o rio. É como 
se o banhado fosse uma esponja, que absorve a água e a vai liberando 
aos poucos. O Rio Gravataí é a principal alavanca para o 
desenvolvimento de toda a região. Deste manancial hídrico é realizada 
a captação de água para o abastecimento público de quase um milhão de 
pessoas. A água que abastece as indústrias dos mais diversos ramos é 
retirada do Rio Gravataí, assim como as lavouras de toda a região da 
bacia, a criação de gado, as atividades de lazer e recreação são 
abastecidas pelas águas deste manancial hídrico.

Considernado que o carvão mineral é o combustível fóssil que mais 
contribui com gases de efeito estufa por unidade de energia gerada, 
sendo um dos grandes vilões do aquecimento global, além de provocar 
impactos locais desde a sua exploração até o seu uso final, com ênfase 
na contaminação dos recursos hídricos e atmosféricos. Na etapa de 
mineração, estes impactos são sentidos pela população do entorno 
através do ruído das explosões, que freqüentemente provocam 
subsidências dos terrenos, rachaduras e avarias nas construções; da 
poeira nociva à saúde que se dissipa no ar na mineração e no 
transporte feito por grandes caminhões que passam a utilizar vias de 
acesso comuns à população; pela alteração drástica da paisagem, com 
movimentação de terras que seriam da ordem compatível com a exploração 
1,5 milhões de toneladas de carvão bruto por ano conforme os 
empreendimentos previstos, e, finalmente, pelo grave impacto
desse tipo de mineração sobre a qualidade das águas (Lúcia Ortiz – 
Coordenadora no Núcleo Amigos da Terra). O carvão mineral é uma rocha 
rica em matéria orgânica que, por suas características de formação em 
ambiente sem contato com o Oxigênio, tem como impurezas sulfetos de 
ferro, sendo a pirita (sulfeto de ferro) mais comum deles. No subsolo, 
este mineral é inerte. Mas, quando exposto a ação do ar e das chuvas 
durante o processo de mineração a céu aberto, oxidam-se formando 
óxidos de ferro e ácido sulfúrico, que carrega metais tóxicos 
presentes como impurezas neste mineral, como o Cádmio, o Chumbo e o 
Cobre, dissolvidos na água. Este processo, conhecido como geração de 
drenagem ácida, uma vez desencadeado, torna-se contínuo, pois a água 
da chuva que escorre na cava das minas e vai para os cursos d’ água ou 
para as águas subterrâneas tem grande capacidade de dissolver mais e 
mais minerais como sulfetos presentes nas
camadas de rochas próximas, formar compostos metálicos ainda mais 
tóxicos no contato com a matéria orgânica dos solos, e ate mesmo 
dissolver minerais mais resistentes como silicatos, liberando alumínio 
em quantidades tóxicas para onde fluem estas águas até os pontos ou 
poços de captação para consumo humano. Na mineração a céu aberto, essa 
drenagem, como escoamento superficial, não pode ser canalizada e, 
mesmo com um processo de cuidados de recomposição da paisagem após a 
lavra, a química dos solos e das águas altera-se e continua sendo 
fonte de contaminação por décadas. E com isso o reforçamos que o 
carvão, no subsolo, é um mineral inerte, mas em contato com o ar e as 
águas da chuva gera toxinas que poluem o ambiente. Ademais, é uma 
matriz energética altamente poluente e geradora de chuvas ácidas e 
enxofre, além de gases de efeito estufa.

Baseado nestas argumentações, ratificamos que:

A atividade de mineração de carvão a céu aberto NÃO é compatível como 
objetivo da APA-BG de proteger a flora e a fauna nativas, 
principalmente as espécies da bióta, raras, endêmicas, ameaçadas ou em 
perigo de extinção.

A atividade de mineração de carvão a céu aberto NÃO é compatível como 
objetivo da APA-BG de proteger os locais de reprodução e 
desenvolvimento da fauna e flora nativas.

Desta forma, nós abaixo assinados, NÃO concordamos com a mineração de 
carvão a céu aberto na APA-BG e solicitamos ao Conselho Gestor da 
APA-BG e Secretaria Estadual de Meio Ambiente que INDEFIRA as atuais e 
TODAS futuras solicitações de mineração, em especial de carvão, na 
APA-BG. 

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