Melhor do que um achado, é um achado com comentário. Ainda mais quando se trata de um comentário tão bem feito quanto a este em cima de uma matéria totalmente repugnante. Segue a matéria.
Ontem, a revista Veja afirmou uma grande tolice, reflexo da sua noção atrasada das relações sociais, o que não constitui nenhuma novidade. Mas fazemos questão de marcar o registro da coisa. Para a revista da vanguarda do atraso brasileiro, os protestos populares na França constituem uma "mania" nacional.
O dicionário Houaiss diz que mania equivale a hábito extravagante, costume nocivo, e, na psicopatologia, um "impulso incontrolável para executar determinada ação". Ou seja, o exercício pleno da cidadania, para Veja, é um mero sintoma da doença mental dos franceses.
Essa visão de mundo sintetiza bem o pensamento da principal revista do grupo Abril, de propriedade da família Civita - uma das quatro famílias que oligopolizam o mercado midiático brasileiro.
As quatro famílias - Civita, Mesquita, Frias e Marinho - são a pedra no caminho da nossa democracia formal e do nosso republicanismo em construção.
Enquanto tivermos gente com essa mentalidade estreita - rotulando como doença nacional a prática do protesto de massa e do tensionamento das crises do modo de produção - como hegemônicos no estratégico setor da comunicação social brasileira, o Brasil continuará com enormes dificuldades para ampliar, garantir e sustentar espaços democráticos reformistas que sejam irreversíveis, cumulativas em seus efeitos e conducentes a novas reformas.
Um problemão para a futura presidente, que precisará de muita pressão popular organizada para reordenar - sem autoritarismo - essa deformidade anacrônica da nossa vida social.
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