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Em Dublin, neste sábado (27/11), aproximadamente 50 mil pesssoas participaram de um um protesto contra a política econômica do governo da Irlanda. As medidas de contenção drástica de gastos públicos foram anunciadas durante as negociações entre o governo irlandês, a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Há uma semana, Dublin entrou com um requerimento de ajuda financeira através do pacote de auxílio estabelecido pela UE, que deverá reverter ao país um empréstimo de 85 bilhões de euros. Segundo informou a mídia irlandesa, o crédito oferecido pelo bloco europeu implicará no pagamento de juros de até 6,7% ao ano por parte do governo da Irlanda. Sindicalistas reclamam que esses juros serão maiores que os pagos pela Grécia, que giram em torno de 5,2% por ano.
Partidos de oposição, como o Trabalhista e o Fine Gael, que irão provavelmente formar o próximo governo no país, denunciam que pagar mais de 6% de juros pelos empréstimos à UE "é uma situação inaceitável".
Cidadão comum é quem sai perdendo
O secretário-geral da Confederação Sindical Irlandesa, David Begg, havia anunciado a marcha de protesto pacífica na capital do país, na qual os cidadãos têm por meta demonstrar o desagravo com o orçamento público previsto para 2011, que, segundo Begg, traz sobretudo desvantagens para o cidadão comum. "Os bancos e os ricos continuam sendo poupados", afirmam os sindicalistas.
O primeiro-ministro Brian Cowen defendeu, porém, o austero programa de contenção de gastos, afirmando que a Irlanda não tem outra saída diante do alto déficit orçamentário, que já chega a 32% do PIB do país. Cowen admitiu, contudo, que os cortes drásticos irão, de fato, piorar o padrão de vida da população irlandesa.
Aumento de impostos
O orçamento defendido por Cowen prevê uma redução de gastos de 4,5 bilhões de euros e um aumento de impostos que trará aos cofres públicos do país um volume adicional de 1,5 bilhão de euros. Cada cidadão deverá ter um aumento de suas contribuições ao fisco em torno de 3.700 euros por ano.
A Confederação Sindical Irlandesa anunciou que pretende continuar pressionando o governo até o último minuto, a fim de poupar pelo menos as aposentadorias e os benefícios sociais de cortes tão violentos.
Os organizadores da marcha de protesto em Dublin distribuíram folhetos com a palavrastop. "As pessoas estão muito insatisfeitas", afirmou Pat Kenney, de 45 anos. Segundo ele, essa manifestação é a última possibilidade de protesto contra a política de austeridade do governo, "embora esse seja apenas o início de uma campanha contra o plano dos quatro anos", afirmou ele, reinvidicando também a participação popular na decisão de aprovar ou não o plano econômico de médio prazo.
Eleições antecipadas?
O premiê Cowen afirmou recentemente que o Parlamento do país poderia vir a ser dissolvido, para que possam ocorrer eleições antecipadas em fevereiro ou março próximos. O atual chefe de governo acrescentou, contudo, que ele só estaria de acordo com tal antecipação das eleições, caso a redução de gastos públicos e o aumento das contribuições tributárias já tivessem sido aprovadas pelo atual Parlamento. A oposição e os sindicatos do país reivindicam que o pleito se realize antes da implementação da nova política econômica.
O plano de austeridade é uma condição exigida pela UE e pelo FMI para que os empréstimos a Irlanda sejam devidamente liberados. Neste domingo (28/11), os ministros das Finanças da UE irão se reunir em uma conferência telefônica, a fim de preparar a decisão a ser tomada em relação ao governo irlandês.
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